quinta-feira, 14 de abril de 2011

Resenhandoo.......

FREITAS, MARIA TEREZA DE ASSUNÇÃO(Org.). Cibercultura e formação de professores. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. 119p.
Por Bruna Braga

 
Maria Tereza de Assunção Freitas possui graduação em pedagogia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia Ciências e Letras, especialização em Orientação Educacional pela mesma instituição, mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente é Professora Adjunta IV da Universidade Federal de Juiz de Fora.
A obra Cibercultura e formação de professores, organizado pela autora acima citada e com colaboração dos autores: Eucídio Arruda, Rosane de Abreu, Maria Helena Bonilla, Marco Silva, Lívia Maria Motta e Adriana Bruno. Está dividida em dois eixos temáticos: a escola e suas relações com a presença do computador e da internet em seu cotidiano e na vida de seus alunos e professores; e a inclusão digital desse público.
A escola é o local foco desta discussão, pois é neste espaço que tudo está se transformando e se confundindo. A Cibercultura em que nos inserimos hoje (muitas vezes até de forma inconsciente) nos remete à busca de novas aprendizagens. O professor se localiza no centro desse processo e se vê de mãos atadas, pois as tecnologias, em especial a informática, estão nas escolas e este profissional não está capacitado para mediar a construção de conhecimentos a partir dessas novas possibilidades que emergem com as tecnologias. Ao professor, cabe o tratamento de situações complexas, no que se refere às novas relações do aluno com o conhecimento/informação, e abrangem aspectos sociais, econômicos e políticos. A sociedade apresenta-se com uma nova morfologia e transforma processos produtivos, experiências, poder e cultura. Uma inteligência coletiva se coloca nessa nova dinâmica como seres produtores de conhecimento e não apenas consumidores de informação. A tentativa de disseminação das novas tecnologias, em especial nas escolas públicas, gera um processo chamado ‘exclusão digital’, que se trata de algo crítico dentro da esfera pública, mas que tem algumas ações (mesmo que ainda insuficientes, pois além do acesso clama-se por políticas de formação) iniciadas em seu combate/redução pelo governo. Os autores trazem no livro, a necessidade de nos situarmos como atores das constantes e acumuláveis transformações com bases tecnológicas que a nossa sociedade vem sofrendo. Dá destaque à escola atual, onde nos condicionamos a esses comportamentos passivos, que são mantidos de forma linear e cartesiana e a sua incompatibilidade com a presença das TICs que fazem emergir novos conceitos, valores, saberes e relações. Daí a busca por uma escola aprendente, que seja capaz de inserir as novas tecnologias em seu contexto, aprofundando as visões sobre estas e dando maior significado ao conhecimento produzido dentro deste espaço. A internet entra como um fator desafiador, talvez o maior deles. O professor questiona-se sobre a sua função e tenta redefinir o seu papel nessa nova educação. Uma educação onde o jovem busca as informações de seu interesse e navega na intertextualidade proporcionada pela internet, uma relação que se estabelece entre as novas práticas de leitura e escrita digital (letramento digital) e as práticas pedagógicas atuais, mas que a escola ainda tenta acompanhar. Emerge a necessidade de eliminar o analfabetismo digital. “Eis aqui o compromisso que se agrega ao papel principal da educação. Formar a cidadania da cibercultura, na sociedade da informação” (SILVA, P.84).
Para apoio à prática pedagógica em sala de aula, são tratadas algumas questões didáticas para a aprendizagem dos professores, no manuseio desses recursos, dentro de um contexto científico. Respaldado no relato de experiências com vários recursos disponibilizados em softwares livres e suas reais contribuições na orientação do professor nesse desafio. A escolha das formas de abordagem e estratégias utilizadas por esse professor irão revelar suas crenças, ideologias e a compreensão que ele possui sobre o processo educacional dos indivíduos que ele deseja formar. Pensar na formação completa de um indivíduo mediada por um professor faz emergir o cuidado e a necessidade da formação desse profissional educador, agora também, digital.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Redes Sociais. Você está bem conectado?

As redes sociais explodem entre a geração tecnológica (e entre todos!!). Mas o que é mesmo uma rede social? Usamos Orkut, Facebook, Twitter, mas de que forma estamos conectados? Estes sites sozinhos não estabelecem qualquer conexão, são apenas sites. As conexões entre os indivíduos e a forma como eles se relacionam, é que estruturam as chamadas redes sociais.

Para entender melhor:


Pois é...estamos todos conectados a todos e a tudo... e as possibilidades de conexões são inúmeras, infinitas. E nos mantemos conectados a pessoas, por nossos interesses, afinidades..mas o que mais nos move nessa rede é a capacidade de agradar e de manter a cada dia mais contatos conectados a nós. A popularidade, entitulada por Bourdieu como Capital Social,  onde há implícita a competitividade e a necessidade de ser aceito por um grupo, tem no número de conexões o seu valor estabelecido. Essa popularidade torna um indivíduo "centro" de um grupo, suas idéias são disseminadas de forma mais rápida e com maior credibilidade. Sabemos quem são de verdade esses indivíduos por traz de uma rede? Os personagens são inúmeros, muitas vezes até inconscientes. As redes sociais mantidas através das tecnologias da informação, possibilitam a comunicação livre e mais aberta. Percebemos com o uso dessas redes, quão pequeno (em distâncias) e quão grande (em possibilidades) se tornou o nosso mundo virtual.

Amplie o seu capital social com mais uma conexão - FACEBOOK: Bruna Braga e no Twitter: brunabragaedu

domingo, 27 de março de 2011

Cibercultura, Linguagens e Tecnologias na Educação.

O surgimento das novas linguagens na integração das tecnologias e da sua relação com o ser humano transforma as relações de forma global. A utilização das tecnologias de forma instrumental, utilitarista e neutra, onde a função social desta, era definida pelo homem; a estrutura cartesiana da práxis docente (que nunca deram conta da subjetividade e complexidade humana); são ideias que se desmontam na modernidade. O fim das relações lineares, com a globalização, propõe múltiplas possibilidades de interação entre a coletividade. E a escola, segundo PRETTO (2010) em seu artigo "Linguagens e tecnologias na Educação". nesse contexto, transgride à assimilação e ao individualismo, e se estabelece num novo espaço educacional onde a comunicação é coletiva e integrada. Surge então, o que chamamos Cibercultura! A Educação deixa de ser institucionalizada e se transforma numa troca generalizada de saberes, onde os indivíduos envolvidos são leitores, críticos e escritores, participam de uma emissão coletiva e em rede. Como cita André Lemos, vivemos a Potência da Conversação. A Cibercultura nos conduz à virtualização, que não está apenas relacionada a equipamentos eletrônicos, mas às infinitas possibilidades de leitura de mundo que conquistamos.

Veja neste vídeo, de forma mais detalhada, as ideias de André Lemos sobre Cibercultura.

As Leis da Cibercultura

sábado, 26 de março de 2011

Tecnologia: instrumento, ferramenta ou elemento estruturante de um novo pensar?


A chegada dos computadores no campo educacional, trouxe algumas inseguranças e medos para os profissiosnais da área, e vão desde o temor de serem substituídos pelas máquinas, à falta de articulação das novas demandas tecnológicas com a sua prática em sala de aula e com o Projeto Político Pedagógico da U.E. Um comportamento que culmina com o uso instrumental dessas tecnologias. Para Lynn Alves (Revista da FAEEBA, 1998), o conceito que se atribui hoje às tecnologias, se ferramenta ou instrumento, na sua utilização em sala de aula, está na metodologia utilizada pelo docente para desenvolvê-la. Mesmo hoje com a inclusão tecnológica, muitos educadores apesar de terem noção do potencial das tecnologias, querem inseri-la em sua rotina, para estarem atualizados, mas não estão dispostos a rever as metodologias aplicadas no seu cotidiano.  Não se trata portanto da inserção das novas tecnologias, porque estas já estão nas escolas e na vida de nossos alunos. Tratamos agora, de fazer novas educações para uma nova geração que quer acompanhar e viver, o desenvolvimento tecnológico de seu mundo.

Para completmentar a leitura: A Escola na era digital

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Atividade Módulo 3 - Ciclo 3 - Corpos Mutantes

Corpos Mutantes
COUTO Edvaldo Souza (Org.); GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpos mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
Artigo 1: Corpo Cyborg e o dispositivo das novas tecnologias
Homero Luís Alves de Lima

http://www.freakingnews.com/Cyborg-Barack-Obama-Pictures-31152.asp
Esse artigo propõe uma reflexão crítica em torno da “aceleração tecnológica”, as evoluções e mutações tecnológicas sofridas pelo corpo humano, induzidas por uma aceleração tecnológica, que através da Bioengenharia, a Robótica e a Inteligência Artificial tentam desenvolver máquinas cada vez mais inteligentes, dando maior destaque às características humanas e robôs cada vez mais sentimentais (o que nos retrata ao filme Inteligência Artificial (http://www.youtube.com/watch?v=VHubtipBHS8&feature=related), onde a busca por um robô perfeito, com sentimentos humanos é o grande objetivo da Ciência).
A vida passa a ter a possibilidade de ser produzida em laboratório e são introduzidas técnicas de tratamento (nanotecnologia), que criam maiores perspectivas de sobrevivência e cura para os humanos. Uma medicina está a favor da medicina, proporcionando comodidade, conforto, segurança e praticidade. Cirurgias mais rápidas e sem dor, promovendo melhoras na saúde e estética. A máquina se especializa e o corpo é o seu maior e principal instrumento: os mistérios guardados e as curiosidades que desperta o corpo humano, sendo possível de constantes atualizações – “digitalização da vida”: sistemas orgânicos e informacionais passam a ser explicados em linguagem idêntica. Lima destaca a transgressão entre os limites que diferenciam o corpo da máquina - o humano-tecnológico: Cyborg (seres em constante processo de reconfiguração). Os ciborgues estão em toda a parte, nas formas de implantes, próteses ou medicamentos. Traz ainda, as concepções de Ciborgue defendidos por Plant (1995), que reconhece neste ser, a possibilidade de construção de novas sexualidades e por Donna Haraway que reconhece o ciborgue como um organismo híbrido de máquina e organismo, com realidade social e ficção. É a cultura high-tech, que contesta qualquer dualismo, além do de gêneros. O desenvolvimento tecnológico permite ao corpo humano, transgredir a pele. Mostra as suas possibilidades de transformação aproximando o homem dos seus desejos de realização corporais.

Artigo 2: Uma estética para corpos mutantes
Edvaldo Souza Couto
Neste artigo, Couto destaca a preocupação com a estética do corpo humano que se caracteriza fundamentalmente por trazer em si mesmo, o inacabado. Motivados pela moda ou concepções de perfeição ditados, principalmente pelos meios midiáticos, as mudanças e correções corporais são constantes. As referências são reelaboradas, o prazer e a satisfação passam a ser instantâneos. As novas tecnologias surgem como potencializadoras dessas necessidades, impulsionadas pelo consumismo capitalista.
Com a incidência das tecnologias sobre o corpo humano, há uma desvinculação desse corpo de questões culturais e genéticas. Couto traz a questão do corpo-espetáculo, expondo a busca incessante pela manutenção da juventude (ao menos aparente) numa desvinculação progressiva de vínculos. O culto ao corpo como um estilo de vida, vida tecnocientífica. A luta para não se tornar absoleto, deve ser constantemente turbinado, inclusive para demonstrar que a velhice está sob seu controle. Os ciborgues são um meio de atender a essa demanda. Atendem ao desejo de superpoderes que as próteses concedem, propoprcionando corpos jovens e saudáveis. Nessa linha, segue a substituição da alimentação natural pela tecnológica. É a robótica e a engenharia genética trabalhando juntas para a produção artificial do homem.
A produção artificial do homem vai além da produção hollyoodiana, do acesso fácil a órgãos por exemplo, mas da troca e recomposição parcial do corpo com certificado de garantia. Cita as novas revoluções da engenharia de tecidos que utilizam as células tronco como matéria-prima e as discussões em torno da sua legalização. Inovações e descobertas que prometem mais segurança e longevidade. Couto destaca a exaltação à mutabilidade corporal como a característica primordial do sujeito na Cibercultura. Um sujeito que tem o corpo disponível à Biotecnologia, à economia de mercado e objeto de consumo do capitalismo avançado. E confirma: “...nunca o uso do corpo humano como mercadoria foi tão intenso e evidente”. Um mercado, que como os demais, selecionam consumidores: “Populações pobres servem de armazéns vivos para as populações ricas”. E o consumismo também se mantém, pois é necessário manter-se conectado aos designs sociais mais valorizados. “O consumidor (...) é comprado e vendido. A vida passou a ser definida como mercadoria.”
Na busca incessante pelo não envelhecimento, o sujeito passa a envelhecer distante do que a evolução natural pretende. E quem envelhece naturalmente, é naturalmente, absoleto! Não apenas pela forma corporal pronta para as reciclagens, mas pela resistência a esses ideais de mutações sucessivas “indispensáveis”. Retrata a existência de uma democracia do corpo, onde todos podem (para sentirem-se aceitos), tornar-se seres mutantes, mutáveis.

Artigo 3: Os percursos do corpo na cultura contemporânea
Malu Fontes

 
http://www.bing.com/images/search?q=imagem+corpo+feminino&qpvt=imagem+corpo+feminino&FORM=IGRE
Este artigo, traz as impressões da autora Malu Fontes sobre a canonização do corpo no século XX. Malu fontes é Jornalista, Professora Adjunta da Universidade Federal da Bahia (Faculdade de Comunicação), aborda a exaltação do corpo, em especial o feminino (pois a considera mais vulnerável às mensagens publicitárias), que com o investimento em práticas e diversos artifícios, promete o alcance da forma corpórea ideal desejável. E para isso, os meios midiáticos exploram essa corporeidade feminina, despertando em seu público a necessidade de se tornar mais jovem, ter corpos mais viçosos – o corpo Canônico! Importante destacar que essa publicidade torna uma classe social desfavorecida, refém de cirurgiões e clínicas que se quer tem preparo legal para realizar a tão sonhada forma física. Formam mutações do que realmente serial o ideal desejável. Fonte considera, no entanto, que essa canonização nunca será universal, pois trata de cultura e conceitos estabelecidos em sociedades distintas e que irão influenciar essa construção. As influências não são locais e, feita a mutação, pode-se atingir um corpo para si canônico, mas socialmente questionável. Fontes trata ainda, a questão da visibilidade que as mulheres deficientes físicas têm nesse cenário de canonização, em que sua condição física, além do seu corpo estão socialmente dissonantes. Nesta análise, o culto ao corpo que era demonizado, passa a ser adorado, pois torna-se uma fonte substancial de capital para o capitalismo moderno. Há uma mudança na relação do indivíduo com o próprio corpo após a segunda metade do séc. XX, que culminam com a mudança de paradigmas (perde o caráter de verdades absolutas) e os valores tornam-se mais urgentes e definem a cultura contemporânea. Os meios tradicionais de afirmação das identidades: religião, família, escola, política se fragilizam. O homem é cada vez mais estimulado a cultuar o próprio corpo, o que Gilles Lipovetsky chama de individualismo contemporâneo, caracterizado por uma nova forma de sociabilidade. O valor fundamental passa a ser o da realização pessoal. A corpolatria, como cita Fontes, o prazer é a finalidade da vida, e só tem a somar com o capitalismo do consumo. Um corpo que representa a forma puramente, sem preocupar-se com o conteúdo. Uma saúde aparente que apresenta o corpo espetáculo! Em nossa vida diária podemos observar esse culto ao corpo e ao consumo para pavonear cada vez mais e se exibe pelos espelhos dos shoppings, academias, salões de beleza... Num projeto de autoconstrução de um corpo canônico, o ser humano, nega os efeitos do tempo e a sua condição biológica. A mídia faz a sua parte: seduz todas as classes sociais e as classifica no projeto de autoconstrução, pelo poder aquisitivo de cada indivíduo. Fontes chama atenção para o conceito do corpo canônico que, antes da beleza física, “...é um corpo construído a partir de um conjunto de discursos, práticas e procedimentos de várias naturezas que visam torná-lo culturalmente adequado, capaz de atender às exigências de uma corporeidade supostamente considerada ideal”. Em contrapartida, inúmeros são os corpos ‘dissonantes’: obesos, velhos, corpos mutilados, deficientes que causam mal estar numa sociedade movida elo capital consumista e cada vez mais desumano. Isso porque o ser humano que se formou na modernidade, não se reconhece como ser biologicamente construído, mas em constantes mutações regidas por padrões sociais. ‘A integridade do corpo físico não resiste à dissolução da personalidade social’ (Kehl, 2003 in Fontes, 2007)
Artigo 4: Velhice, palavra quase proibida; terceira idade, expressão quase hegemônica
Annamaria da Rocha Jatobá Palacios

A autora aborda neste artigo, o processo de articulação que se estabelece entre os termos: Velhice e Terceira Idade, que se estabeleceu no discurso publicitário de cosméticos. Da substituição gradual do termo velhice por “Terceira Idade”, para atender à interpretação do termo “velhice” que no contexto social, tornou-se sinônimo de decadência. A velhice é evidenciada como a fase final da vida, inclusive no que se refere à socialização deste indivíduo. O apelo da publicidade em torno do estereótipo socialmente valorizado seduz o público que se considera ‘envelhecendo’ a querer controlar esse processo para manter-se incluído socialmente. Para o discurso publicitário, o termo “Terceira Idade” faz alusão a uma fase subseqüente e compreende a maturidade, não deixando transparecer a idéia de envelhecimento. A publicidade percebe a necessidade de valorizar a sensação de amadurecimento, dando ênfase à identidade construída por esse público. Pois percebe-se na pós-modernidade a mudança de valores e atitudes em torno do que se denomina ‘velhice’. Palacios destaca ainda a ideologia do progresso (que cultiva a juventude e desvaloriza a experiência) sustentada pela modernidade e pelo industrialismo, manterá o mercado aquecido em torno desse público (terceira idade), como forma de aumentar a sua influência social, cultural e política. Com o aumento da expectativa de vida global(homem 70 ano e mulher 80), chega-se à velhice com corpo e mente ativos. Forma-se um público que não busca apenas tratar-se de doenças, mas ações de autodesenvolvimento e lazer. Transformações sociais foram significativas para a mudança na estrutura etária da população. Estas transformações justificam o “Bum” das ofertas de produtos e serviços para a terceira idade. A publicidade cria e enfatiza novas formas de consumo. De acordo com Castells (1999), o mundo desenvolvido da revolução industrial, da ciência médica, da afirmação dos direitos sociais, prolongam a vida, superam doenças, controlam nascimentos. Palacios rerata a condição da publicidade, que de forma não diferenciada da evolução da sociedade, está em constante movimento, evoluindo nas suas interpretações e nas mudanças das práticas de consumo,pois tem que levar a mensagem para um público que deve conhecer. Ela transfere o público da condição de alvo pacífico a um “coenunciador”. O discurso publicitário vende a conservação da juventude, e consequentemente, o combate à velhice.


Artigo 5: Corpos amputados e protetizados: “Naturalizando” novas formas de habitar o corpo na contemporaneidade
Luciana Laureano Paiva


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Paiva trata de questões sobre o reconhecimento de um corpo que perde as características naturais construídas por modos de vida, alegrias, tristezas, dores... corpos nos quais não se tem a certeza do que é real e o que está simbolizado por próteses que otimizam a sua funcionalidade e performance. O homem adere às tecnologias de transformação do corpo e das formas de viver na sociedade. Novos conhecimentos permitem novos olhares e nada fica absoleto, a não ser que se queira. Todo corpo é passível de renovação, seu estado atual é sempre provisório, independente de quantas transformações já tenha sofrido.
A forma de consume é transferida de materiais a “formas de vida”. A materialidade corporal passa a ser habitada por esse novo indivíduo, coma as devidas substituições. Mudanças internas e externas são produzidas constantemente para manter o corpo habitável. A anatomia corporal passa a ser um acessório, uma matéria a ser lapidada, redefinida de acordo com o momento. Marcas corporais que trazem em si significados que podem ser de saúde e beleza ou doença e deficiência. O desafio posto é projetar, atualizar constantemente o corpo, através das novas tecnologias. No entanto, como comenta Paiva, citando Couto, 2003 e Le Breton, 2003: Numa sociedade onde prevalece a aparência, modificar a materialidade corporal, significa acima de tudo, modificar o olhar sobre si, o olhar dos outros, a sua identidade. As transformações passam a ser naturais aos nossos olhos, o natural é estranho, pois todos estão em busca da perfeição. Paiva traz uma reflexão muito pertinente nesse momento de exaltação do corpo: O que esta sociedade está fazendo com os nossos corpos e principalmente, o que estamos fazendo com esses corpos que nos pertencem, mas deles nos livramos? O autor, fez sua pesquisa com pessoas que sofreram algum tipo de amputação e precisaram, para inserir-se na sociedade e principalmente para devolver a funcionalidade aos seus corpos, de implantação de próteses funcionais.  Paiva traz na voz de seus entrevistados, a dor em falar dos próprios corpos, do quanto essa visibilidade os incomoda. Transmitem a sensação que a sociedade lhes transfere: de corpos amputados, portanto ociosos e ineficientes. Ao tratar a questão da norma instituída como a ideal para estruturas corporais que, implantam próteses em busca de qualidade de vida, suprindo uma falta acidental ou natural de seu corpo e que é tido como anormal, enquanto as próteses postas em corpos “perfeitos”, apenas para aperfeiçoá-los, são considerados os corpos normais, instituídos como modelos. As pessoas que tiveram seus corpos amputados tem portanto, um caminho maior  a percorrer para alcançar esse modelo corporal que, mesmo antes de sofrer a perda, não estava nem perto do modelo perfeito. Pessoas que deixam de ser parentes, amigos e tornam-se simplesmente pacientes. Tudo a favor de uma nova identidade, mas que permanece provisória, na tentativa de ser visto como um corpo saudável. Pois,como cita Sfez(1996) in Paiva, o corpo perfeito é o corpo completo e a referência do que venha a ser um corpo completo, depende da história de vida de cada um. Os corpos sob o olhar da contemporaneidade, está passível a inúmeros “consertos” que se fizerem necessários: seja pela tendência ou pela sobrevivência. O nosso corpo é a referência para formamos a nossa identidade. Por isso, ao sofrerem qualquer perda na forma original do corpo, o ser humano tende a identificá-lo como diferente. Paiva levanta ainda uma reflexão sobre o olhar do outro para o corpo amputado. O outro, que se apresenta para nós de formas diferentes em suas infinitas possibilidades de gênero, cor, raça... são as diferenças que unem os indivíduos e que fazem com que convivam em uma sociedade normatizada pelo poder social. O olhar do outro revela a nossa diferença e esse olhar inicialmente perturbador se revela mais confortável com o tempo. Segundo Ortega (2002), somos, paradoxalmente, vulneráveis ao olhar do outro, pois ao mesmo tempo em que ele nos desafia e nos instiga, precisamos de seu olhar, de sermos percebidos, senão não existimos. O corpo, visto como artefato e artifício, por criar técnicas e se dispor a criar a história destas tecnologias permitindo a penetração cada vez maior em seu território biológico. A prótese é para o corpo amputado, antes de se para o outro, o preconceito de si mesmo. Enxerga em si a diferença que sempre viu no outro. Por isso traz consigo tantas limitações e dúvidas sobre sua identidade, pois não sabe o que o outro(ao qual tenta agradar com sua aparência) pensa sobre ele. A amputação representa a morte simbólica de um estilo de vida e optando por uma prótese ou não, o desafio é aceitar viver de forma e com formas diferentes.

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